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Abertura do Colóquio Internacional Arquivos da Psicanálise
Por Manoel Tosta Berlinck 


Senhoras e senhores,

É com grande orgulho e satisfação que participo da abertura deste “Colóquio Internacional Arquivos da Psicanálise”.

Ele é o coroamento de um longo e sistemático trabalho de pesquisa realizado com grande empenho e competência pela Profa. Dra. Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira.

Teve início com o doutoramento que realizou na Université de Paris 7 – Denis Diderot, sob a orientação da Profa. Dra. Elisabeth Roudinesco hoje aqui presente.

Elisabeth, com quem tenho a honra de manter uma já longa relação de amizade e cooperação científica, foi mais do que uma professora orientadora: foi, também, a musa inspiradora deste projeto, sempre incentivando generosamente o trabalho de Lucia Valladares.

A investigação sobre os arquivos da psicanálise no Brasil, país que não prima por cultivar sua própria história, teve continuidade quando a Dra. Lucia Valladares retorna de Paris, depois de treze anos, e obtém bolsa de pós-doutoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP para trabalhar no âmbito do Laboratório de Psicopatologia Fundamental do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.

O Laboratório, para quem ainda não sabe, é um grupo permanente de pesquisa criado em 1995 e inspirado em grupo homônimo fundado pelo Prof. Dr. Pierre Fedida, na Université de Paris 7 – Denis Diderot.

O Laboratório da PUC-SP conta, hoje, com 40 pesquisadores em nível de especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado e mantém um portal na Internet

www.psicopatologiafundamental.org.br

O Laboratório, que já recebeu um importante Auxílio a Projeto Temático da FAPESP, com duração de 4 anos, se articula a nove outros Laboratórios de Psicopatologia Fundamental e grupos afins existentes em Universidades brasileiras e, há dois anos, articula-se à Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental, sociedade científica sem fins lucrativos, que reúne, atualmente, 45 professores doutores de Universidades da América Latina e da Europa.

A Associação, que publica a Revista Latinoamericanade Psicopatologia Fundamental e o Latin-American Journal of Fundamental Psychopathology on Line, que patrocina Encontros Científicos anuais de seus membros, o Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e o Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental, eventos bi-anuais, teve a honra de co-patrocinar, com a FAPESP e com o Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, a realização deste Colóquio Internacional. Este, diga-se de passagem, é o primeiro projeto de pesquisa financiado pela Associação.

O projeto de Lucia Valladares, ainda que culmine neste Colóquio Internacional, não termina aqui.

A exposição, que se encontra no saguão da Biblioteca Central da PUC-SP, será mostrada, também, no I Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e VII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental, que será realizado, de 4 a 7 de setembro, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; depois será exibida no Laboratório de Psicopatologia Fundamental do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Estará, também, nos portais eletrônicos do Laboratório de Psicopatologia Fundamental da PUC-SP e da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental.

Além disso, a FAPESP acaba de conceder à Dra. Lucia Valladares um Auxílio à Publicação visando a edição de sua tese de doutorado em forma de livro pela Editora Escuta.

Finalmente, ao longo desta pesquisa e da organização e produção deste evento, Lucia Valladares criou um grupo de pesquisa que trabalha sob sua orientação e coordenação e que já apresentará trabalhos no Congresso do Rio. Este promissor e animado grupo de jovens pesquisadores precisa ser apoiado, pois tem futuro brilhante.

O trabalho de pesquisa de Lucia Valladares vem, assim, contribuir para o desenvolvimento da história da psicanálise e da psicopatologia no Brasil, área de investigação que conta com valiosíssimos trabalhos pioneiros de Renato Mezan, Roberto Sagawa, Elisabeth Roudinesco, Emílio Rodrigué, autor de uma excelente biografia de Freud publicada no Brasil, na Argentina e na França, o Grupo de Cinema e Vídeo, Jane Russo, Cecília Coimbra, o grupo de pesquisadores da história da psicologia no Brasil, patrocinado pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Psicologia – ANPEPP, coordenado pela Profa. Dra. Maria do Carmo Guedes e outros abnegados cientistas.

Vai-se, dessa maneira, constituindo um vasto arquivo da psicanálise que serve, evidentemente, para delinearmos o futuro dessa disciplina no Brasil, pois a história interessa menos como memória do passado e mais como memória do futuro. 

Encerrando este breve comentário, gostaria de ressaltar a fundamental contribuição erótica realizada pela Profa. Dra. Caterina Koltai. Se não fossem as ligações amorosas promovidas por Caty, com quem tenho o orgulho e a honra de manter uma generosa relação de amizade desde 1967, quando ela foi minha aluna na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, da rua Maria Antonia, nada disto teria ocorrido. A história, como sabemos, se faz por ligações eróticas, de amor e de ódio, e raramente os personagens verdadeiramente importantes são lembrados. A Profa. Dra. Caterina Koltai tem esse dom de promover laços duradouros e produtivos de amizade – vínculos verdadeiramente eróticos. Ela é, assim, a meu ver, um lídimo representante do deus Eros e sou um de seus beneficiados. Sinto-me, assim, protegido pelo manto diáfano do deus das ligações estando implicado no amor e no ódio.

É, pois, com esta breve nota histórica que dou, em nome da PUC e da Associação, as boas-vindas a todos vocês e agradeço a generosa colaboração dos pesquisadores e cientistas que aceitaram o convite para abrilhantar este Colóquio Internacional.