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Volume 16, Número 3, setembro de 2013

EDITORIAL

Manifesto por uma psicopatologia clínica não estatísticaAtravés do presente texto, os profissionais e organizações signatários, pronunciam-se a favor de critérios clínicos de diagnóstico e, portanto, contra o imposto pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM, da American Psychiatric Association, como único critério para a clínica da sintomatologia psíquica.Desejamos partilhar, debater e criar consensos em torno do conhecimento clínico – logia – que diga respeito ao pathos psíquico – padecimento sintomático e não doença ou enfermidade – a fim de questionar uma noção de saúde psíquica estatística ou normativa, assim como a impostura clínica e intelectual implicadas nas noções de distúrbio, desordem, transtorno, perturbação e doença mental. Queremos também denunciar a imposição do tratamento único – terapias tipificadas para transtornos formatados – desprezando diferentes quadros teóricos e estratégias terapêuticas, bem como a liberdade de escolha dos pacientes.

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ARTIGOS“Graças a Deus vomito, senão morria”: o sintoma bulímico e a clínica psicanalítica em um hospital público Marcus Vinicius Rezende Fagundes Netto, Niraldo de Oliveira Santos, Glaucia Rosana Guerra Benute e Mara Cristina Souza de Lucia Os manuais de classificação e diagnóstico são bastante objetivos ao descreverem a etiologia, o diagnóstico diferencial e o tratamento para todos aqueles que padecem dos chamados transtornos alimentares. Todavia, se a Medicina, como área do saber científico, deve generalizar, a psicanálise tem como campo de pesquisa o inconsciente, o sujeito como efeito de linguagem. Com isso, a partir de observações sobre as entrevistas preliminares de um caso, no qual se evidenciava o sintoma bulímico, o presente artigo coloca em relevo algumas questões: as especificidades do sintoma para a psicanálise, a diferença radical entre instinto e pulsão e a particularidade da produção de saber em psicanálise. 

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O ressentimento: reflexões a partir de um caso clínico

Thomás Gomes Gonçalves, Clarice Moreira da Silva e Mônica Medeiros Kother Macedo

A partir de um caso clínico explora-se o tema do ressentimento sob a óptica da psicanálise. Ao abordar aspectos singulares da vida do paciente desenvolvem-se reflexões sobre o tema do ressentimento e as condições de aprisionamento atualizadas nesta história. Destaca-se a contribuição da psicanálise em seus recursos teóricos e técnicos na instauração da escuta do ressentimento.

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Figuras de la depresión y figurabilidad melancólica. Precisiones fenomenológicas y psicopatológicas respecto de la melancolia y la depresión

Derek Humphreys

La generalización de la noción de melancolía acerca la melancolía de la depresión. El presente artículo precisa los límites y particularidades del discurso psiquiátrico y analiza el problema de la melancolía desde la psicopatología. Esta distinción depresión/ melancolía tiene repercusiones clínicas importantes en tanto la escucha particular de la insubstancialidad del objeto propuesta pone el acento en la capacidad de regresión del analista por sobre la comprensión y la empatía, y también por el lugar que da a su aspecto somático (insomnio).

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La performativité généralisée du diagnostic psychologique

Fabrice LeroyLe recours au savoir psychologique dans les services de médecine somatique à l’hôpital relève moins d’une tentative de compréhension du malade que d’une psychologisation de ses conduites. La performativité généralisée du langage psychologique, en ajoutant ainsi un “trouble psychique” à la maladie somatique, permet de se préserver de l’inquiétante étrangeté du malade et de retrouver un pouvoir sur lui. La fonction des psychologues est alors à interroger. 

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Aux limites de l’hystérie, la douleur chronique Susane Vasconcelos Zanotti, Alain Abelhauser, Jean-Luc Gaspard et Vera Lopes Bresset Cet article présente une réflexion sur l’étiologie et le traitement de la douleur chronique dans le cadre théorique de la psychanalyse et discute de la réduction de la douleur chronique à une manifestation contemporaine de l’hystérie. Considérant que le symptôme est un singulier mode de jouissance et un moyen pour l’inscription du sujet dans le lien social, ce texte met en évidence la fonction de la douleur, en conformité avec les particularités de chaque cas. 

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SAÚDE MENTALARTIGOApoio matricial em saúde mental: fortalecendo a saúde da família na clínica da crise Fabiane Minozzo e Ileno Izídio da Costa O objetivo consiste em abordar o apoio matricial em saúde mental às equipes de Saúde da Família (SF) e a sua relação com as situações de crise em saúde mental. Trata-se de uma pesquisa-ação realizada com equipes de SF e com um CAPS III, na Rocinha, Rio de Janeiro. Participaram profissionais de diferentes categorias em grupos operativos de reflexão e os dados foram examinados pela análise de conteúdo. É destacada a importância de envolver a SF no que se refere à clínica da crise. 

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OBSERVANDO A MEDICINAARTIGOUm imbróglio Mônica Teixeira O governo federal decidiu importar médicos para responder ao clamor das ruas – pois os manifestantes de junho pediram padrão Fifa para o SUS. Ao fazê-lo, o governo atira no alvo errado: se há um problema real no SUS, é o subfinanciamento, resultado da contribuição pequena da União e da crescente participação de planos e seguros de saúde no sistema. Em dezembro de 2012, chegou à presidente da República lei do congresso cuja sanção aumentaria, ainda que não substancialmente, a parcela federal no financiamento; a chefe do executivo optou por vetar o dispositivo. Sete meses depois, criou o Mais Médicos que, depreende-se da insistência no tema, ajuda a restaurar os índices de aprovação da presidente, ao mesmo tempo em que reforça a visão ingênua de que o médico tem o poder de salvar vidas. 

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PRIMEIROS PASSOSARTIGOSobre ciúmes e erotomania: reflexões acerca de um caso clínicoFernanda Costa Rios Este artigo aborda os temas do ciúmes e da erotomania a partir de um caso clínico. O ciúme foi retomado partindo de sua manifestação primordial na gênese da constituição do psiquismo em direção a seus desdobramentos patológicos. A erotomania foi abordada a partir do referencial psiquiátrico clássico e não daquele encontrado nos atuais manuais diagnósticos. A articulação dos dois temas, embora não tenha visado qualquer intenção diagnóstica, apontou para uma posição subjetiva regressiva, de estruturação narcísica, delirante e com frágil conjugação do corpo. 

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RESENHA DE LIVROSA menina negra com o bebê branco no colo Guilherme Gutman  Folheando a dissertação de mestrado de Virgínia Leone Bicudo (1910-2003) – tornada livro por Marcos Chor Maio – eu usufruía livremente da ludicidade que esse antigo (e longevo!) formato de leitura é muitas vezes capaz de proporcionar. Passava os olhos pela bibliografia, tateava as páginas da edição, escutando o estalo seco das folhas viradas e sentia o “cheiro de livro novo”. Olhava as fotos com curiosidade pelos personagens: os pioneiros da psicanálise em São Paulo, os familiares da autora e ela mesma, em retratos de infância, de juventude e de maturidade que ilustraram generosamente a demasiadamente humana tentação de montar uma linha cronológica e explicativa de como foi se desdobrando a vida de nossa personagem. 

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Quem tem corpo vai a Roma Ana Cecilia Magtaz Corpo para que te quero? Usos, abusos e desusos, inscreve-se na tradição de pesquisas e publicações que o Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social da PUC-Rio, Lipis, vem desenvolvendo. Mais uma vez, com agudo rigor teórico e originalidade, sem, contudo, perder o dom da leitura agradável, as organizadoras convidam, para acompanhá-las, vários autores de diferentes campos do saber; muitos deles pesquisadores do Lipis. 

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MOVIMENTOS LITERÁRIOSO duplo como fenômeno psíquico Marta Regina Leão D’Agord, Marcos Rafael de Oliveira Barbosa, Rukaya Hasan e Rafael Cavalheiro Neves Neste trabalho, analisamos um fenômeno psíquico com o qual se ocupa a psicopatologia: o fenômeno do duplo (Doppelgänger), enquanto visão angustiante de si próprio como um outro. Na psicanálise, o duplo pode ser estudado através da concepção do estádio do espelho e do modelo óptico, tais como propostos por Lacan. Entre as elaborações literárias desse fenômeno universal, destacam-se “William Wilson”, de E. A. Poe, e “O duplo” de F. Dostoiévski, que se situam no fantástico enquanto gênero literário. Em nossa análise do fenômeno do duplo, realizamos uma comparação entre modelos literários e psicanalíticos. 

PDFLEIA TAMBÉMINSTRUÇÕES AOS AUTORES

CAPA / COVERCapa: Teresa BerlinckImagem da Capa: Ulysses Boscolo. O homem roxo. Abril de 2011. Aquarela. 20cm x 23 cm.