Revistas > Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental > Volumes > Volume 11 , Número 3, setembro de 2008

Editorial

Emmanuel Zagury Tourinho

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Artigos

Considerações históricas sobre a difusão do pensamento kleiniano no Brasil

Jorge Luis Ferreira Abrão

Este artigo tem por objetivo apresentar os diferentes momentos que caracterizaram a difusão do pensamento kleiniano nas Sociedades de Psicanálise do Brasil. Trata-se de uma pesquisa histórica de natureza qualitativa, realizada com base em entrevistas com 13 psicanalistas que participaram dessa difusão. As primeiras influências surgiram a partir de 1950, por intermédio de pioneiros que fizeram formação na Inglaterra ou na Argentina. As áreas em que os kleinianos foram pioneiros – psicanálise de crianças e análise de psicóticos – constituíram-se nos primeiros focos de utilização deste referencial no país. De 1950 a 1970, evidenciou-se uma apreensão dogmática das idéias kleinianas. A partir de 1980, com o advento de novas traduções da obra de Melanie Klein, e com a introdução do pensamento kleiniano contemporâneo, constata-se uma utilização mais equilibrada deste modelo teórico-técnico.

Palavras-chave: Psicanálise, história, Brasil, Melanie Klein

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Euclides da Cunha e a psicopatologia: um indício para abdução

Gisálio Cerqueira Filho

Este ensaio é um exercício de metodologia indiciária (Carlos Ginzburg), no qual a abdução tem papel relevante. O foco é Euclides da Cunha, um dos mais famosos intelectuais brasileiros, autor de Os sertões, 1902. No campo da psicopatologia fundamental, destaca-se a obsessão de Euclides pela autonomia individual e uma certa dificuldade para mapear seus desejos.

Palavras-chave: Euclides da Cunha, obsessão, abdução, metodologia 

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Suicídio na antipsiquiatria e na psicanálise

Cristia Rosineiri Gonçalves Lopes Correa

Na psiquiatria os critérios pelos quais a necessidade de atenção médica psiquiátrica é avaliada são passíveis de discordância permitindo que se mantenha o grande debate acerca da validade do conceito de doença mental. Enquanto anti-psiquiatras como por exemplo Szasz (1961) argumenta contra a prevenção de suicídio, Freud (1915) oferece uma leitura da melancolia que justifica intervenção psiquiátrica em indivíduos suicidas. Nesse artigo, eu examino esses argumentos e argumento que a leitura da melancolia sugerida por Freud questiona efetivamente a crítica feita por Szasz.

Palavras-chave: Szasz, Freud, melancolia, suicídio

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Contribuições da psiquiatria clássica ao diagnóstico da melancolica: o delírio de negação e o delírio de indignidade

Maria de Fátima Ferreira e Vera Lopes Besset

Discute-se a respeito da importância que teve a pesquisa empreendida pelos psiquiatras franceses Jules Cotard e Jules Séglas nas primeiras elaborações freudianas acerca da melancolia. No esforço feito por Freud em distinguir as afecções psíquicas, ele leva em consideração os principais conceitos destacados pela psiquiatria clássica: a dor moral, condição para o delírio de indignidade, o mecanismo de auto-acusação e a hemorragia de libido. Busca-se uma articulação entre esses autores. Neste artigo essa retomada é importante para um aprimoramento no diagnóstico da melancolia. Constata-se que a melancolia na contemporaneidade nos remete não somente aos clássicos, mas sobretudo a Freud, em seus primeiros rascunhos.

Palavras-chave: Melancolia, indignidade, autopunição, hemorragia libidinal

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O episódio de Freud com a cocaína: o médico e o monstro

Decio Gurfinkel

O objetivo do trabalho é uma avaliação dos possíveis “restos” que o episódio de Freud com a cocaína tenha deixado para a criação da psicanálise, realizada através do reexame retrospectivo, crítico e analítico desse episódio. O resultado desta avaliação pôs em destaque quatro elementos: o surgimento de um Freud psiquiatra e farmacologista e o progressivo abandono desta via; o surgimento da adicção como objeto de investigação; o modelo da auto-administração como método de pesquisa; e a crença e abandono subseqüente de um projeto de “cura mágica”.

Palavras-chave: Freud, cocaína, história da psicanálise, adicções

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Saúde Mental

Artigo:

Do terapêutico e da cidadania: leituras sobre discursos e práticas

Mériti de Souza

Neste artigo são problematizadas as relações entre a cidadania e a prática terapêutica no bojo da reforma psiquiátrica. De forma específica, analisa-se o pressuposto de que o atendimento terapêutico deve se fazer acompanhar do reconhecimento da condição de cidadão daquele que apresenta sofrimento psíquico. O trabalho terapêutico demanda fazeres e saberes calcados em concepções de subjetividade não restritas à de sujeito.

Palavras-chave: Terapêutico, cidadania, sujeito, clínica

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Observando a Medicina

Ensaio:

Animais de estimação movidos a drogas

James Vlahos

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Observando a Psiquiatria

Artigo:

Mortalidade por transtornos mentais e comportamentais e a reforma psiquátrica no Brasil contemporâneo II – Elementos para um debate

Fernando Portela Câmara

O aumento da mortalidade na categoria dos transtornos mentais e comportamentais – face à redução progressiva das internações hospitalares promovida pela reforma psiquiátrica em curso – tem aquecido o debate entre os proponentes da reforma e parte da comunidade psiquiátrica brasileira. Neste artigo, analisa-se os argumentos dos reformistas.

Palavras-chave: Mortalidade por transtornos mentais e comportamentais,
reforma psiquiátrica, política de saúde mental brasileira

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Medicina da Alma

Artigo:

A dor de amor na medicina da alma da primeira modernidade

Paulo José Carvalho da Silva

Este artigo discute o problema da dor de amor nos diferentes campos do saber que compunham a medicina da alma da primeira modernidade. Deu-se especial destaque às reflexões do médico francês Jacques Ferrand (1575-1623) sobre o caráter instável, ilusório e faltoso do amor. Conclui-se que a dor de amor exige pensar as relações entre os afetos e o corpo, além de desafiar as próprias categorias diagnósticas e os tratamentos tradicionais.

Palavras chave: Dor de amor, melancolia, ciúme, medicina da alma, história da psicopatologia

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Ensaio:

Se o ciúme é um sinal diagnóstico do amor e da melancolia erótica?

Jacques Ferrand

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Clássicos da Psicopatologia

Artigo:

Morel e a questão da degenerescência

Mário Eduardo Costa Pereira

O Traité des Dégénérescences, de Benedict-Augustin Morel, publicado em 1857, expõe uma teoria da hereditariedade dos transtornos mentais que teria grande influência no pensamento psiquiátrico até o início do século XX. Segundo sua proposição, fortemente impregnada de uma perspectiva religiosa católica, o homem teria sido criado, perfeito, por Deus. A degeneração, correlativa do pecado original, consistiria na transmissão à descendência das taras, vícios e traços mórbidos adquiridos pelos antecessores. À medida que esses estigmas fossem sendo transmitidos através das gerações, seus efeitos tenderiam a se acentuar, levando à completa desnaturação daquela linhagem, chegando até sua extinção pela esterilidade. Em decorrência dessa teoria, muitos projetos de intervenção social de cunho higienista foram desenvolvidos, de modo a impedir a propagação da degeneração da raça.

Palavras-chave: Morel, hereditariedade, degenerescência, psicopatologia

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Ensaio:

Tratado da degenerescência na espécie humana

Benedict-Augustin Morel

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Resenha de Livros

Philippe Pinel e os primórdios da Medicina Mental

Cristiana Facchinetti

Tratado médico filosófico sobre a alienação mental ou a mania

Philipe Pinel

Porto Alegre: Ed. da UFGRS, [1800-1801] 2007, 272 págs.

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Ensaios – O que os psiquiatras fazem

Durval Mazzei Nogueira Filho

Ensaios – O que os psiquiatras fazem

Carol Sonenreich e Giordano Estevão

São Paulo: Casa Editorial Lemos, 2007, 368 págs.

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A saúde mental e a razão sanitária

Mario Eduardo Costa Pereira

Exilés de l’intime: la médécine et la psychiatrie au service du nouvel ordre économique 
Roland Gori et M.-J. Del Volgo
Paris: Denoël, 2008, 344 págs.

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Resenha de Artigos

Um companheiro de leituras

Guilherme Gutman

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