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Volume 15, Número 4, dezembro de 2012

EDITORIALJean LaplancheJacques André Era um dia de debate com Daniel Widlöcher, organizado pelo Laboratório de Psicopatologia e Psicanálise que então era dirigido por Jean Laplanche. Widlöcher sugeriu que existiam três desejos, três fontes, que levavam alguém a tornar-se psicanalista: o desejo de cuidar – fonte médica – o desejo de compreender o funcionamento psíquico – fonte psicológica – e o desejo de conhecer o ser humano – fonte filosófica. Widlöcher indicou que o segundo desses desejos, o do psicólogo, orientava seus passos desde o início. Jean Laplanche acrescentou, sem um segundo de hesitação, que era o terceiro, o desejo filosófico, que estava na origem do psicanalista que ele tinha se tornado.

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ARTIGOSDe l’insensé du geste suicidaire à la condensation signifiante de la scène suicidaireJoanne André et Bernard ChouvierLe geste suicidaire est une énigme, “comment le moi peut consentir à son auto-destruction” s’interroge Freud en 1915. Partant de ce constat théorique et clinique, cet article, en s’appuyant sur l’histoire de Chantal, propose une voie de réflexion sous forme d’après-coup. Le geste suicidaire inclut une scène qui constitue une première répétition ou encore le second temps du trauma. Cette réactualisation traumatique peut être suivie d’un mouvement d’historisation de l’insensé originaire.

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O ritmo como questão nas manifestações verbais singulares do autistaGlória Maria Monteiro de CarvalhoNeste artigo, assumimos a proposta de que a música, em sua dimensão rítmica, possibilitaria, de forma singular, a produção e circulação de significantes nas verbalizações da criança com diagnóstico de autismo. Assim, acompanhamos sessões de gravação em vídeo – de um menino autista com sua terapeuta – das quais recortamos alguns episódios que exemplificam manifestações rítmicas do menino. Por sua vez, tais manifestações apontaram para a hipótese de que a descontinuidade do ritmo constituiria um meio inicial, primitivo, de inscrição singular do significante no corpo dessa criança.

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Uma delicada transição: adolescência, anorexia e escritaCristiane de Freitas Cunha e Nádia Laguárdia de LimaNeste artigo, discutimos o caso clínico de uma adolescente, Nina, com anorexia. Orientadas pela psicanálise, trabalhamos o caso a partir de três perspectivas: diante da falta de um organizador simbólico consistente para tratar o real do sexo, Nina buscou abordá-lo por meio de uma inflação do imaginário; a oferta da escuta analítica teve como resposta a produção simbólica e a remissão da anorexia; e, finalmente, a persistência do vômito indica algo do real inassimilável pela palavra.

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Intermitências no cotidiano: criação e resistência na clínicaMário Francis Petry Londero e Simone Mainieri PaulonEste artigo discute o ato criativo na clínica como forma de resistência a um cotidiano que pode endurecer as relações que estão em jogo no clinicar. A cartografia sustenta metodologicamente este relato de experiência realizado em encontros clínicos, tomando o território clínico no que ele tem de problemático a partir de uma trajetória de acompanhamento terapêutico. A condição para uma clínica inventiva está em sua aposta de estremecer mundo e sujeito no que eles têm de singular, assim como imprimir deslocamentos em si mesma diante do inusitado.

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O psicanalista no tratamento da dorSueli Pinto MinattiA dor se manifesta como mal-estar do corpo e no corpo, e tende a ser encaminhada para tratamento médico. O objetivo deste trabalho é analisar a queixa dolorosa do ponto de vista do tratamento psicanalítico, retomando algumas acepções relacionadas ao tratamento da dor, encontradas na obra de Freud. Partimos da experiência no trabalho em hospital pediátrico, utilizando a análise do atendimento de pacientes com queixas de dor para definir e situar a dor no campo da psicanálise, e distingui-la do campo da medicina. No texto, pode-se acompanhar a dor como signo de sofrimento e diversas formas de abordá-la tanto pelo sujeito que a porta quanto pelas instituições que propõem seu cuidado.

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O método psicanalítico de pesquisa e a clínica: reflexões no contexto da UniversidadeNadja Rodrigues de Oliveira e Maria Izabel TafuriEste artigo reflete sobre a pesquisa e a escrita em psicanálise na universidade. São desenvolvidas reflexões críticas sobre o método psicanalítico no cenário acadêmico, as estratégias metodológicas de pesquisa em psicanálise, o lugar do analista- -pesquisador neste processo, e as implicações da escrita em psicanálise.

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Dor e gozo: de Freud a LacanEdilene Freire de QueirozO fenômeno da dor crônica tem obrigado os pesquisadores a ampliarem a compreensão da dor para além do fenômeno sensório e a reconhecerem a dimensão sociocultural e psíquica da dor. Para os psicanalistas a dor é testemunho da presença da pulsão no corpo. Discutiremos o problema da dor e sua aproximação com o gozo na perspectiva da metapsicologia freudiana e lacaniana. Na perspectiva freudiana, a dor está regida pelo princípio do prazer-desprazer, já na lacaniana o gozo diz respeito ao que está para além deste princípio, ou seja, liga-se à pulsão de morte.

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SAÚDE MENTALARTIGOA questão do fundamento em Freud: elementos para uma psicanálise aplicadaVinicius Anciães Darriba e Angela Cristina da SilvaDentre as muitas reflexões que suscitam o debate sobre a inserção da psicanálise e dos psicanalistas no domínio da saúde mental, interroga-se aqui o valor de orientação que pode ter o que Freud entende quanto à questão dos fundamentos no que diz respeito ao campo da psicanálise. Para tal, enfocam-se as passagens da obra em que o autor discute tal questão, seja no âmbito dos escritos metapsicológicos, técnicos ou daqueles em que tece considerações acerca das possibilidades da psicanálise aplicada, incluída a própria aplicação à terapêutica.

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MEDICINA DA ALMAARTIGOTransitoriedade ou o desterro da certezaPaulo José Carvalho da SilvaO tema da transitoriedade era lugar-comum da medicina da alma da primeira modernidade. Este artigo analisa algumas dessas fontes para mostrar como a dor do tempo e os males da alma atinentes eram relacionados a um modo de encarar a fugacidade do tempo e a fragilidade da vida. Dá-se destaque, sobretudo, às construções em torno da condição humana enquanto desterro da certeza.

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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIAARTIGOLa noción de inconsciente en Freud: antecedentes históricos y elaboraciones teóricasMiguel GallegosEste trabajo aborda la noción de inconsciente desde una perspectiva histórica. La noción de inconsciente es una de las categorías centrales del psicoanálisis y reconoce diversos antecedentes teóricos. En primer lugar, se expone el origen del término en la reflexión filosófica y en las referencias de la psiquiatría. En segundo lugar, se trabaja el inconciente en las elaboraciones teóricas de Freud. Por ultimo, se exponen las diversas formas en las que Freud legitima la noción de inconsciente en el marco del psicoanálisis.

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HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA, POR GERMAN E. BERRIOSARTIGOEpilepsia e insanidade durante o começo do século XIXGerman E. BerriosDurante a primeira metade do século XIX, a epilepsia e as insanidades foram consideradas estreitamente relacionadas às desordens “neuróticas”. Sob a influência de fatores tais como o declínio do conceito setecentista de neurose de Cullen, o desenvolvimento da nova psicopatologia descritiva, a introdução da estatística e a disponibilidade de observações longitudinais de coortes de pacientes hospitalizados, a epilepsia foi redefinida como uma doença “neurológica” por volta de 1850. A reação da psiquiatria à exclusão do transtorno mental como uma característica definidora da epilepsia se manifestou na criação do conceito de “epilepsia mascarada”. Essa noção está por trás do desenvolvimento posterior de categorias como “fronteiriça” e “equivalente”, que ainda são de alguma relevância para os pontos de vista quanto à epilepsia no século XX.

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RESENHA DE LIVROSPsicanálise compreensiva: uma concepção de conjuntoMaria Izilda Soares MartãoA proposta pioneira de Trinca (2011), no livro Psicanálise compreensiva: uma concepção de conjunto consiste na apresentação de um modelo metodológico denominado “sistema geral compreensivo” que abarca as inúmeras possibilidades das atividades mentais e tem como objetivo elucidar e unificar as ‘perturbações psíquicas’ e os processos de ‘expansão de consciência’ utilizando como critério a análise do grau de contato que o indivíduo tem com o ‘ser interior’.

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Voz e música no divã de Jean-Michel Vives – ou O canto surdo de um analistaRenata MattosCinquenta anos após a conceituação explícita no Seminário A angústia da invenção lacaniana sobre o objeto a, tendo sido aí incluídos o olhar e a voz na lista freudiana de objetos pulsionais, eis que surge um livro decisivo sobre o objeto voz e sobre a rica e, precisamos agora admitir, necessária articulação entre psicanálise e música. Com A voz sobre o divã – Música sacra, ópera, techno, de Jean-Michel Vives, se restavam quaisquer dúvidas sobre a importância e a função para a psicanálise de uma reflexão sobre a música, estas são completamente desfeitas e o que resta, então, é o desejo em dizer sim à provocação invocante que o autor nos faz de mais ouvir ou de ouvir mais-além.

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MOVIMENTOS LITERÁRIOSA melancolia do Doutor GlasFabiano Massarro SalvadorAntes de tudo faz-se necessário ressaltar com bastante satisfação que o atual número da revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental (RLPF) celebra um ano da seção “Movimentos Literários”, que procura fazer interfaces com outros domínios do saber para enriquecer ainda mais a visão sobre o pathos psíquico nas suas diversas manifestações.Neste artigo, o romance de um autor um tanto desconhecido do público brasileiro será examinado. Trata-se do escritor sueco Hjalmar Söderberg. Escandinavo, nascido em 1869, Söderberg, antes de tornar-se escritor, trabalhou no funcionalismo publico de sua cidade natal, Estocolmo. Descontente com o rumo que tomava seu trabalho e sua vida parte para o jornalismo onde acredita que seja possível atribuir um sentido mais autêntico a sua existência. Acreditava que este novo ofício estaria em consonância com aquilo que mais desejava: ser escritor.

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CAPA / COVER

Capa: Teresa BerlinckImagem da Capa: Teresa Berlinck: The Folk Society, 2011. Guache e colagem sobre página impressa; 28 x 43cm. Foto: Everton Ballardin.