Revistas > Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental > Volumes > Volume 12, Número 3, setembro de 2009

EDITORIALO método clínico: fundamento da psicopatologiaSe levarmos a sério o significado da palavra psicopatologia – discurso (logos, logia) da paixão, do afeto (pathos) psíquico seremos, imediatamente, remetidos ao método clínico: espaço percorrido a caminho da palavra representante desse sofrimento.O método assim entendido contém uma lógica que não é formal e se revela pela narrativa construída pelo médico e o paciente na situação clínica. Manoel Tosta Berlinck

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CONFERÊNCIADa globalização inevitável à internacionalização desejávelFoi com grande prazer que aceitei o convite do CONPSI para estar nesta mesa-redonda hoje. Não só pela oportunidade de interlocução com os colegas sobre o tema da internacionalização, mas sobretudo por podermos retomar o debate (já agora com alguns avanços) que tivemos em Bento Gonçalves por ocasião do seminário “Horizontes da PG em Psicologia” organizado pela Coordenação de Área na CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, e pela ANPEPP – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia. Anna Carolina Lo Bianco

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ARTIGOSA experiência corporal de um adolescente com transtorno alimentarApesar do aumento de casos de jovens com anorexia nervosa, essa temática ainda constitui um tabu no universo masculino. O objetivo deste estudo é investigar o modo como um adolescente com anorexia nervosa atípica experiencia seu corpo e imagem corporal. Utilizou-se de entrevista individual semiestruturada, audiogravada e transcrita literalmente, com o paciente, sua mãe e nutricionista, além de consulta ao prontuário médico. Conclui-se que o jovem apresenta conflitos relacionados ao seu corpo e imagem corporal.Palavras-chave: Anorexia nervosa, sexo masculino, corpo, imagem corporal Thais Fonseca de AndradeManoel Antonio dos Santos

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Adolescence et violence: une faillite de l’alteriteA partir d’une clinique de l’acte adolescent dans son rapport au discours politico-social, seront évoqués la singularité du rapport à l’autre chez certains adolescents qui transgressent inlassablement les lois de la cité, comme s’ils étaient confrontés aux limites de ce qui ne fait pas, pour eux, expérience, d’autre part, le “pousse à l’acte” que recèlent certains pans du discours politique lorsqu’il est face aux débordements agis d’une partie de sa jeunesse, enfin, quelques repères relatifs au “traitement” de cette clinique contemporaine.Mot clés: Acte, perversité, discours politique, adolescent, transfert Michèle Benhaim

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O ensino da clínica psicopatológica: o caso da sessão clínicaAnalisa-se a importância da sessão clínica (SC) na práxis ensino-aprendizagem de psiquiatria e psicopatologia. Trata-se de elaboração em coautoria com o residente de psiquiatria que apresentou o caso na SC. Descrevem-se os procedimentos e as normas de apresentação da SC e ilustrada pelo caso em sua forma de apresentação. Destaca-se, finalmente, a riqueza da SC ao apontar para os desdobramentos suscitados pelas controvérsias e divergências presentes na discussão da psicopatologia, diagnóstico e terapêutica.Palavras-chave: Sessão clínica, ensino, psicopatologia, psicanálise Ademir Pacelli FerreiraVitor Mello Netto

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A condição errante do desejo: os imigrantes, migrantes, refugiados e a prática psicanalítica clínico-políticaEste artigo pretende avançar na sustentação teórica sobre a prática psicanalítica clínico-política, campo epistemológico ético e político que leva em conta as especificidades dos sujeitos e as vicissitudes de seus processos em contextos de exclusão e violência. A partir da experiência com imigrantes, formula as bases de um trabalho centrado na clínica do traumático mais do que na clínica do sintoma e focaliza as particularidades da escuta psicanalítica nesses contextos, assim como as intervenções coletivas.Palavras-chave: Clínica do traumático, prática psicanalítica clínico-política, imigrantes, intervenções coletivas Miriam Debieux RosaSandra Letícia BertaTaeco Toma CarignatoSandra Alencar

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Hipóteses etiológicas sobre a neurastenia na obra de George Beard e seus contemporâneos europeusEste artigo apresenta a neurastenia como categoria médica a partir de suas fontes primárias, partindo dos escritos do neurologista norte-americano George Beard, bem como de seus contemporâneos europeus. Abordam-se características e sintomas atribuídos a essa condição e as três principais hipóteses etiológicas a que se atribuía a doença nas fontes consultadas: a civilização americana do fim do século XIX, a diátese neuropática e a lesão funcional do sistema nervoso.Palavras-chave: Neurastenia, civilização, lesão funcional, hereditariedade Rafaela Teixeira Zorzanelli

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SAÚDE MENTALArtigoInvenção e endereçamento na oficina terapêutica em um centro de atenção diáriaA partir da observação do funcionamento da oficina terapêutica ‘expressiva’ em um centro de atenção diária, busca-se discutir o valor do trabalho de criação de objetos por pacientes psicóticos e sua possível função de enlaçamento para o sujeito, seja pelo reconhecimento artístico ou não. Visamos analisar nas oficinas terapêuticas seus possíveis modos de funcionamento e o papel do oficineiro. O trabalho singular do psicótico é uma tentativa de se descolar da posição de objeto do Outro, que o caracteriza. Questionamos se a oficina seria um espaço no qual o psicótico poderia lidar com os excessos do gozo, em um fazer criativo com suportes materiais, podendo favorecer um trabalho ao nível da articulação significante. Diferenciando a criação artística, e seu lugar no contexto da cultura, das invenções na psicose, procura-se, à luz da psicanálise lacaniana, tomar a invenção com as sobras a partir da letra como suporte material, visando à estabilização do sujeito.Palavras-chave: Oficinas terapêuticas, psicose, letra, gozo Thiago José de Franco da SilvaMaria Lídia Oliveira de Arraes Alencar

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MEDICINA DA ALMAArtigoAmor celeste e amor terrestre: o encontro de Alcibíades e Sócrates em O banquete, de PlatãoNeste texto realiza-se uma introdução à leitura de O banquete, de Platão, em especial de seu último trecho, ao qual corresponde o encontro de Alcibíades e Sócrates. Procurou-se ainda, indicar algumas discussões despertadas por esse diálogo platônico; principalmente aquelas que fazem referência às relações entre a filosofia, a literatura e a psicanálise.Palavras-chave: Platão, Sócrates, Alcibíades, O banquete, amor Guilherme Gutman

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EnsaioO banquete (trecho selecionado)Louvar Sócrates, senhores, é assim que eu tentarei, através de imagens. Ele certamente pensará talvez que é para carregar no ridículo, mas será a imagem em vista da verdade, não do ridículo. Afirmo eu então que é ele muito semelhante a esses silenos colocados nas oficinas dos estatuários, que os artistas representam com um pifre ou uma flauta, os quais, abertos ao meio, vê-se que têm em seu interior estatuetas de deuses. Por outro lado, digo também que ele se assemelha ao sátiro Mársias. Platão

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CLÁSSICOS DA PSICOPATOLOGIAArtigoOs neologismos ativos e passivos em Jules Séglas (1892)Des troubles du langage chez les aliénés de Jules Séglas, publicada em 1892, teve grande repercussão nos estudos psicopatológicos, principalmente no que diz respeito, como nomeou G. Berrios, à “Language of the insane”. No que diz respeito às dislogias, a classificação neologismos ativos e neologismos passivos distingue com rigor os fenômenos observados no delírio daqueles observados em outras doenças. Essa distinção, contudo, não se fez sem destacar a importância da linguagem na relação médico-paciente. Palavras-chave: Jules Séglas, delírio, neologismoWalker Douglas Pincerati

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EnsaioOs distúrbios da linguagem nos alienadosDo mesmo modo que as ideias políticas, religiosas e cien- tíficas exercem no homem são de espírito uma particular in- fluência sobre o conteúdo da linguagem, também as ideias errôneas dos alienados têm uma influência análoga em seus dis- cursos. As pessoas sãs de espírito, fechadas em certo círculo de ideias, sempre se referem a seus temas favoritos; os alienados igualmente têm sempre uma tendência particular a retornar à sua “mania” [marotte]. É o que Kussmaül chama de “a paralogia te- mática”. E ela existe mesmo nos mais desconfiados, nos mais dissimulados, que, frequentemente numa primeira abordagem, narram os fatos totalmente diferentes de seu verdadeiro delírio. Se o interrogatório é bem dirigido, sem tardar perceberemos que “fizemos vibrar a corda sensível”. Enquanto não tocamos em sua ideia fixa, o doente fala com calma e inteligência; nada desvela seu delírio. Jules Séglas

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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIAArtigoPsicanálise e psiquiatria nos inícios do século XX: a apropriação do conceito de esquizofrenia no trabalho de Hermelino Lopes RodriguesO trabalho tem como principal objetivo descrever e analisar as contribuições do médico psiquiatra Hermelino Lopes Rodrigues (1899- 1971), na apropriação do conceito de esquizofrenia no Brasil, nas primeiras décadas do século XX. Suas contribuições possuem clara influência das ideias do psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857-1939), na transição entre o conceito de demência precoce e esquizofrenia. O trabalho também procura destacar a inédita leitura que Lopes Rodrigues fez do texto de Eugen Bleuler, ressaltando a influência de aspectos psicológicos e biográficos no estudo do doente esquizofrênico.Palavras-chave: Hermelino Lopes Rodrigues, esquizofrenia, história da psiquiatria – Brasil Renato Diniz Silveira

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RESENHA DE LIVROSA cabeça do brasileiro no divã Coelho dos Santos, T.; Decourt, M.C.C. (Org.) Rio de Janeiro: Sephora, 2008, 142p.O livro A cabeça do brasileiro no divã traz uma reflexão atual sobre a responsabilidade política da interpretação psicanalítica e pro- blematiza a ação do psicanalista na cidade. Jamille Mascarenhas Lima

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Do espírito da Coisa: um cálculo de graça Karin de Paula São Paulo: Escuta, 2008, 184p.Em Do espírito da Coisa: um cálculo de graça, a psicana- lista Karin de Paula pensa o Witz – palavra espirituosa –, sua construção e definição como análogo a uma psicanálise. Em ambos, trata-se, segundo a tradição lacaniana ancorada na filosofia hegeliana, de um movimento dialético, de um deslocamento do drama especular e do cômico, para o trágico e a “palavra espirituosa”, os quais pressupõem uma tríade: terceiro “elemento” resultante do cálculo de graça, sujeito que advém ao fim de uma análise, instituído por e nessa matemática, “sobra” possível de lidar, re-criar, pôr a trabalhar em nome da graça – a graça do próprio sujeito. Qual é a sua graça?, pode-se perguntar. Só é possível “fazer graça” em nome próprio, tendo se apropriado de seu desejo, do trágico próprio desse, cujo objeto – obje- tos – desliza metonimicamente num desenho lógico do sujeito e para ele, numa sucessão de significantes “caídos” no percurso de uma psicanálise, para a instituição de outros, para o deslizar permanente e sem fim da cadeia do desejo. Ficção tão mais verdadeira quanto mais falsa. Flávia Albergaria Raveli

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RESENHA DE ARTIGOSA impossibilidade física da morte na mente de alguém vivoThe Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living é o título dado àquela que é, talvez, a obra máxima do artista plástico inglês, Damien Hirst (1965-). Trata-se de um tubarão-tigre,conservado por imersão em formaldeído, dentro de um enorme cubo de vidro que dá à peça toda a portentosa dimensão de 4,3 metros. O tubarão foi “congelado” no centro do cubo (que funciona como uma espécie de vitrine tridimensional) em uma posição que, embora não faça ninguém duvidar do fato óbvio de que ele está morto, provoca certa estranheza, já que causa a impressão de ter sido, digamos assim, apanhado em movimento. Um pouco talvez como as pessoas petrificadas pela lava vulcânica em Pompéia, mas inquietante de um outro modo porque o tubarão de Hirst mantém conservada, e de modo perene, a sua melhor forma física. É quase como se ainda fosse possível sentir medo pela ameaça inerente à sua presença. Guilherme Gutman

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