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Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, volume 3, número 2, junho de 2000

SUMÁRIO / CONTENTS
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 Editorial

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1. A clínica da depressão: questões atuais
Manoel Tosta Berlinck; Pierre Fédida

A psicoterapia com pacientes que encontram-se sob efeito de antidepressivos revela que estes são relativamente eficazes na inibição de sintomas considerados típicos da depressão. Porém, ao mesmo tempo, sintomas considerados típicos da melancolia não são afetados por esses medicamentos.
Nem a longa e rica tradição psiquiátrica nem a psicanalítica estabelecem uma diferença específica clara entre depressão e melancolia, tratando-as, na maior parte das vezes, como fazendo parte de um mesmo campo semântico e, por isso, sendo utilizadas como sinônimos. Esta tendência culmina em manuais de psiquiatria, como o DSM-IV e o CID-10, em que o transtorno bipolar é denominado maníaco-depressivo. A melancolia fica, assim, dissolvida na depressão.
Partindo desta constatação clínica, este trabalho estabelece uma diferença específica entre depressão e melancolia e descreve o campo semântico próprio da depressão.
Palavras-chave: Psiquiatria, psicanálise, depressão, melancolia, psicoterapia

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2. O superego: em busca de uma nova abordagem
Marta Rezende Cardoso

Este artigo apresenta a proposição de uma nova concepção do superego, segundo a qual os imperativos superegóicos seriam comparáveis, em todos os indivíduos, a um “enclave psicótico”.
Trata-se aqui de aprofundar aspectos fundamentais da questão do superego, numa tentativa de elaborar alguns pontos que ficaram problemáticos em Freud, Melanie Klein e outros autores pós-freudianos.
A obra de Jean Laplanche foi útil como fonte principal na formulação das hipóteses apresentadas cuja incidência na clínica psicanalítica parece inegável.
Palavras-chave: Superego, “intraduzível”, culpabilidade, ideais

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3. … e no começo era a fome: três movimentos da dietética na criação do homem
Henrique Figueiredo Carneiro

Curiosamente, os mitos que conhecemos para dar conta da existência humana tocam indiscutivelmente a presença da dietética, como condição inerente à hominização do vivente. Isso pode ser constatado nos mitos do Gênesis, de Theuth e do Pai da horda primitiva, mediante o texto “Totem e tabu”. Essa constatação torna atual o aforismo de Schiller, ressaltando que a fome e o amor aparecem como a mola do universo.
Essa questão, impõe, de princípio, uma reflexão sobre a importância do traço da dietética como uma marca na qual o homem constrói, mediante essa ação, um sentido à existência. Com isso, trabalhamos com a hipótese de que a dietética possibilita uma referência epistêmica constante para o entendimento do lugar que o homem ocupa subjetivamente em determinada época; e, sobretudo, apresenta-se como uma linha de trabalho psicanalítico promissora, quando ratifica o sujeito como um produto da passagem realizada da natureza à cultura. 
Palavras-chave: Dietética e psicanálise, mitos e estruturação do sujeito, dietas e subjetivação

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4. O caso-limite e as sabotagens do prazer
Luís Cláudio Figueiredo

O que apresentarei a seguir tem diversos pontos de apoio. Em primeiro lugar, me apoiarei em algumas idéias de André Green que enfatiza a importância do conceito de “limite” como um operador substantivo do pensamento psicanalítico e em suas indicações acerca das angústias básicas presentes nos borderline. Em seguida, contemplarei as observações de alguns autores que coincidem na identificação de uma problemática básica nos chamados casos-limite: tratar-se-ia sempre de uma an-estruturação (Bergeret) ou de uma falta de coesão egóica (Meissner). Também levarei em consideração as observações e teorizações de Kernberg e de Horner acerca dos padrões oscilatórios na afetividade destes pacientes. 
Sugiro que as teorias de Federn e as de Fairbairn, embora representando concepções e pressupostos antagônicos acerca do psiquismo, possam ser mobilizadas para uma melhor compreensão dos problemas da constituição subjetiva dos pacientes borderline. Apoiado em um pequeno texto de Pontalis, proponho uma articulação destas idéias federnianas e fairbairnianas com alguns aspectos da teorização de Freud. Levantarei então algumas questões relativas à dificuldade desses indivíduos obterem prazer e sustentarem um estado de satisfação.
Palavras-chave: Caso-limite, narcisismo, esquizoidia, Federn, Fairbairn

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5. Reflexões sobre a importância do psicodiagnóstico na atualidade
Maria Luiza Scrosoppi Persicano

Propõe o psicodiagnóstico como o método psicodiagnóstico de pensamento. É forma de pensamento própria e específica do psicólogo aplicado, que aqui é denominada esquema, estrutura, sistema ou processo de pensamento. O pensamento psicodiagnóstico é processo cognitivo, o qual, como tal, é tanto intelectivo quanto afetivo. Cognição é mais do que inteligência e qualquer cognição é antes de tudo atitude afetiva. 
Palavras-chave: Psicodiagnóstico, método, pensamento, cognição

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6. O desejo na Grécia Helenística
Zeferino Rocha

O presente trabalho é a terceira e última parte de uma pesquisa sobre “O desejo na Grécia Antiga”. Na primeira parte, reunimos as manifestações do desejo nos poemas épicos, líricos e trágicos, bem como nas máximas dos sete sábios e na doutrina dos filósofos pré-socráticos da Grécia Arcaica. Na segunda, apresentamos o essencial da sistematização teórica que, na Grécia Clássica, Sócrates, Platão e Aristóteles deram a essas primeiras manifestações do desejo. Nesta última parte, depois de lembrar a origem e as características da cultura helenística, vamos ver o que os epicuristas e os estóicos, no contexto de suas respectivas filosofias, disseram sobre o desejo no Jardim de Epicuro e no Pórtico Antigo de Zenão e Crísipo. 
Palavras-chave: Cultura helenística, arte de viver, prazer, virtude, felicidade

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7. Metodologia psicopatológica e ética em psicanálise: o princípio da alteridade hermética
Nelson da Silva Júnior

A compreensão da metapsicologia como sistema causal de representação da subjetividade exclui implicitamente a legitimidade do registro da ética como tal. Contra tal compreensão, apresentamos a noção de alteridade hermética enquanto um princípio da metodologia psicopatológica da psicanálise que não somente convive com a ética, mas ainda que solicita a independência e a transformação dos valores da normalidade. 
Palavras-chave: Metapsicologia, subjetividade, ética, alteridade hermética

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Clássicos da Psicopatologia

Nina Rodrigues e A loucura epidêmica de Canudos

Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) – médico maranhense que radicou-se na Bahia – tern seu nome associado a constituição de tres campos de saber, no Brasil: a antropologia, a medicina legal e a psiquiatria. Em seu breve tempo de vida escreveu e publicou muito, e seus principals estudos visaram: registrar a cultura dos africanos escravizados e de seus
descendentes no Brasil; definir as relacões supostas entre raça/alienação mental, raça/crime e degeneração/crime; e teorizar sobre a psicologia coletiva, partindo de casos brasileiros que chamou de “loucuras epidêmicas”.

Partindo da premissa de que haveria “uma reação patológica diferente para os diversos tipos antropológicos de que se compoe a população deste país” (Nina Rodrigues, 1939, p. 193), ele se propos a estudar essas diferenças, de acordo corn os parametros cientificos da epoca. Um dos problemas apontados por ele, para a adequada consecuçao destes estudos, era justamente a precariedade dos criterios definidores de raca no Brasil, falha que pretendeu sanar em suas pesquisas. Acreditava ainda que as tres raças fundamentals (negros, índios e brancos) “transmitem aos produtos de seus cruzamentos caracteres patologicos diferenciais de valor” (idem, p. 203), sendo a competente diferenciação das raças muito importante para a pratica médica, tanto para as doenças fisicas como para as mentals.

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Resenha de Livros

Maria del Carmen Rojas Hernández

    “Teoría y clínica”, sobre Psicoanálisis, teoría y clínica, de Victor Javier Novoa  

La teoria y la clinica psicoanalfticas son dos caminhos que en algunos tramos parecen paralelospero que en otros se encuentran y se con-fundem. La ensenanza de la teorfa y la practica de la clinica implican por si mismas al deseo de sus actores y mas tarde o mas temprano sobreviene el deseo inminente de recrearlas y de escribirlas.

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Mauro Pergaminik Meiches

  “Nau de condenados”, sobre Ética e técnica em psicanálise, de Luís Cláudio Figueiredo e Nelson Coelho Júnior

Este livro combina o esforço de dois autores em torno dos temas da etica e da tecnica em psicanalise. Luis Claudio Figueiredo e Nelson Coelho Junior apresentam, cada urn, varies textos que tratam de questoes ligadas a clinica psicanalitica, tendo como eixo estes dois significances capitais que japercorreram decadas de produ9§o escrita. Ao leitor, vale um aviso: prepare-se para agendar um encontro com a surpresa que determinadas passagens certamente provocam, arejando e deslocando certos rumos que o tratamento da etica e da tecnica em psicanalise parecem obrigados a percorrer.

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Marciela Henckel

  “Crianças na psicanálise”, sobre Crianças na psicanálise – clínica, instituição, laço social, de Angela Vorcaro   

Angela Vorcaro é psicanalista, com vasta experiência no trabalho e estudo sobre crianças, que vem, por meio deste livro, apresentar uma admirável diversidade de questões referentes a clínica com crianças, com base em diferentes lugares. Seu percurso se realiza a partir da pergunta sobre a posição desta especificidade clinica relativa a clínica psicanalítica e  formação do psicanalista; prossegue referindo-se ao lugar do psicanalista no trabalho que se pretende em equipe ou, mais ainda, no trabalho interdisciplinar, trazendo a experiência de uma intervenção numa instituição escolar; e, finalmente, traz uma importante elaboração sobre o discurso psicopedagogico e as interrogações que este discurso pode fazer ao psicanalista e este a psicopedagogia – especialidade que teve uma grande difusão de cursos de formação nos últimos dez anos.

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Zacaria Borge Ali Ramadan

  “Psiquiatria: propostas, notas, comentários”

Reconhecer a limitação e o relativismo do conhecimento e incomum nos modernos textos cientificos, quase todos caracterizados pela arrogancia dos algarismos e o dogmatismo dos graficos desenhados por complicadas artimanhas estatfsticas. Contudo, essa postura relativista e – por que nao – mais humilde, foi o grande motor das maiores descobertas da Humanidade. Basta conferir a historia da ciencia e as biografias dos grandes cientistas.

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