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Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, volume 15, n.3, setembro 2012

EDITORIALA questão da qualidadeManoel Tosta Berlinck

Diz-se que a qualidade da produção é o grande desafio que temos à nossa frente, como editores de periódicos e autores de artigos científicos. O que significa, entretanto, um artigo de qualidade? Uma revista científica almeja, sempre, publicar artigos de qualidade. Mas a literatura sobre a qualidade é bastante escassa. Editores e autores estão preocupados com o plágio, a cópia de ideias sem a citação apropriada. Desenvolvem ferramentas para captar o plágio. Mas pouco, muito pouco mesmo, dizem sobre a originalidade ou sobre a qualidade.


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ARTIGOS

Sexual Difference, Identification and Object Choice in Individuals with Sex Differentiation Disorders

Adriano Morad Bley, Egberto Ribeiro Turato, Carlos Roberto Soares Freire de Rivorêdo, Roberto Benedito de Paiva e Silva, Andrea Trevas Maciel-Guerra, Antonia Paula Marques-de-Faria, Gil Guerra-Junior, Maria Tereza Matias Baptista

A careful review of the medical literature on the treatment of children born with problems of anatomic gender ambiguity shows a clear and generalized commitment to heterosexual normativity. Closed questionnaires containing items such as whether the child would rather wear trousers or a dress are applied in order to verify his or her identity and choice of sexual object even before the children themselves have begun to construct them. This, of course, leads to attributions of gender that are determined by the medical team and their families rather than by the children. In fact, this type of homophobic approach has dominated discussions on this question since the 1950s.

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Drug Addiction and Social Discourses

Rita de Cássia dos Santos Canabarro e Marta Regina de Leão D’AgordThis article analyzes the various discursive positions found in the phenomenon of addiction. The relations these discursive positions establish with the discourses of the master, the hysteric, the university and the capitalist are discussed. By analyzing material from clinical listening at a public outpatient drug and alcohol rehab center, it was seen that addiction can be described in different discourses. This article shows that the shift of focus from the symptom to the discursive position of the subject is an indicator for the clinical treatment of addiction.

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Pesimismo freudiano: salud mental y malestar en la culturaF. Manuel Montalbán-Peregrín

Las relaciones entre el psicoanálisis y el pensamiento social hunden sus raíces en los primeros desarrollos del descubrimiento freudiano. El propio Freud no es ajeno a esta cuestión y después de la Primera Guerra Mundial dedica una parte significativa de su producción a los llamados textos sociológicos. Tanto la teoría social como la concepción pulsional en sus últimas elaboraciones representan el equipaje más comprometedor de la herencia freudiana, que sólo algunos autores como Jacques Lacan están dispuestos a retornar. El llamado pesimismo freudiano asociado a estos textos critica la lectura optimista de la metáfora poder-expresión que establece la acción unilateral del poder sobre algo que queda imposibilitado de expresarse libremente. Es desde estas coordenadas que pretendemos adentrarnos en la concepción freudiana de salud mental. El hecho de que la ley no sea tan enemiga de la pulsión, que la ley no esté depurada de la satisfacción patológica, tendrá  importantes efectos para la retórica de la liberación personal y política.PDF artigo completo

Destinos do método clínico na contemporaneidade

Ana Maria Rudge

O método experimental como garantia de cientificidade é abordado, assim como seu peso e idealização na ideologia cientificista atual. Destaca-se que o método clínico se distingue epistemologicamente do método experimental, e que a ambição de considerá-lo como ciência é equivocada. A psicanálise é tomada como um exemplo, visto que as tentativas de torcê-la de forma a que algum simulacro de teste empírico de sua validade seja possível nunca esmoreceram, apesar de Freud ter dito claramente que seu campo epistemológico era incompatível com isto, e que o método psicanalítico é irredutível à testabilidade, pois é uma medida terapêutica que não visa provar coisa alguma, mas alterar algo. Sendo ao mesmo tempo um tratamento e um método de investigação, o que a psicanálise visa é minorar o sofrimento neurótico e a reiteração nos caminhos que levam ao pior. Não só a psicanálise, mas toda forma de clínica requer a escuta e a atenção ao que é inevitavelmente singular, o que é um trabalho de Eros, e que vai contra a tendência atual à objetificação das formas de diagnóstico e aos protocolos de tratamento.PDF artigo completo

SAÚDE MENTALARTIGO

Desinserção social e habitação: a psicanálise na reforma psiquiátrica brasileira

Cláudia Maria Generoso e Andréa Máris Campos GuerraEm pesquisa multicêntrica e interdisciplinar sobre dispositivos de habitação para portadores de transtornos mentais no Brasil, a psicanálise hipotetiza que o modo de apropriação da moradia é decorrência do estilo da desinserção do sujeito. Diferente da desadaptação ou da exclusão, a desinserção é o ponto a partir do qual o sujeito, habitando o desencontro entre linguagem e corpo, articula- -se no mundo. Conclui-se, com caso clínico, que a desinserção reflete a exceção constitutiva do sujeito como falta no Outro, a partir do que ele se nomeia e se localiza – aspecto-chave para a clínica psicossocial.

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MEDICINA DA ALMA ARTIGO

Sob a sombra do patológico: sujeito e verdade no adoecerPaulo José Carvalho da Silva
Este artigo analisa fontes da tradição da medicina da alma que tratam do adoecer. Inspirado em Georges Canguilhem, examina-se a noção de saúde e doença anterior às especializações modernas de modo a ressaltar que o adoecimento e as paixões que o acompanham são consequências da condição de vivente. Conclui-se que a antiga definição do humano como sujeito ao padecimento guarda semelhanças com o sujeito patológico concebido pela atual Psicopatologia Fundamental.

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CLÁSSICOS DA PSICOPATOLOGIAARTIGO

O conflito sexual infantil abordado de um ponto de vista psicanalítico por Egas Moniz, o pai da psicocirurgiaSophie Maurissen e Mário Eduardo Costa Pereira

Em sua conferência sobre O conflito sexual, proferida no Congresso Luso-Espanhol das Associações para o Progresso das Ciências e publicada em 1921, Egas Moniz aplica o método psicanalítico em dois casos clínicos, utilizando para isso o divã e fazendo uso da associação livre, da associação de ideias, assim como da análise dos sonhos. Esse neurocirurgião, principalmente reconhecido por seus estudos sobre a leucotomia pré-frontal, foi a primeira pessoa a se referir e a recorrer à psicanálise em Portugal. De fato, tal como Freud, Egas Moniz analisou dois casos da literatura apoiando-se no método analítico: o caso de Júlio Dinis em 1924 e o de Camilo em 1925. No entanto, sua contribuição à psicopatologia parece assombrada por seu trabalho sobre a leucotomia, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Fisiologia em 1949.PDF artigo completo

ENSAIOO conflito sexualEgas Moniz

Duas grandes forças movimentam e impulsionam a humanidade. Essas forças a que chamaram instintos são a base de toda a nossa actividade física e psíquica. Uma é o instinto da nutrição e da conservação pessoal; outra é o instinto sexual, ou da reprodução. Nas primeiras idades do homem estas duas forças acham-se confundidas, mas logo que começam a diferenciar-se, o instinto da nutrição e conservação do indivíduo deixa de ter, sobre o organismo psíquico, uma influência apreciável. O instinto sexual é, pelo contrário, a base dinâmica da nossa actividade mental.PDF ensaio completo

HISTÓRIA DA PSIQUIATRIAARTIGO

A loucura na fronteira entre a medicina e o direito: a elite médica em busca da legitimação socioprofissional nas páginas do Annaes Brasilienses de Medicina (1860-1880)

Monique de Siqueira Gonçalves

Este artigo examina o papel estratégico desempenhado pelo Annaes Brasilienses de Medicina – órgão oficial da Academia Imperial de Medicina –, na busca da elite médica pela legitimação socioprofissional no campo da medicina mental, visando a expansão de suas prerrogativas no âmbito das relações entre loucura, responsabilidade penal, direitos civis e medicina legal de 1860 a
1880.

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HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA, POR GERMAN E. BERRIOSARTIGO

Melancolia e depressão durante o século XIX: uma história conceitual

German E. Berrios

Este artigo analisa historicamente o background ideológico que tornou possível a transformação da noção de melancolia nos conceitos de depressão e transtorno bipolar, a partir das mudanças médicas e psicológicas ocorridas no decorrer do século XIX. A antiga noção de melancolia foi remodelada e sua transição para a doença depressiva foi facilitada pelo conceito de Iipemania de Esquirol, que, pela primeira vez, enfatizou a natureza afetiva primária da doença. Finalmente, uma vez obtidas as condições conceituais necessárias, a melancolia e a mania foram combinadas no conceito de insanidade alternante, periódica, circular, ou de forma dupla, seus rígidos padrões descritivos foram flexibilizados, tendo culminado este processo na sinopse de Kraepelin.


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RESENHA DE LIVROSSobre limites em psicanáliseEliane Michelini Marraccini

Esta coletânea de artigos inéditos aborda o importante tema dos limites em psicanálise, retomando o Simpósio Limites da clínica. Clínica dos limites, realizado na PUC-Rio em 2010. São discutidas questões intrínsecas à própria psicanálise, sua teoria e desafios da clínica atual, de modo a problematizar, ampliar e aprofundar esse tema instigante e, por vezes, polêmico.PDF texto completo

Experto crede RobertoRoberto Kirschbaum

2011 foi um ano doce para a melancolia no Brasil. Com o empurrãozinho do filme dinamarquês homônimo, o termo foi amplamente difundido pela mídia. Artigos, não somente sobre o filme, mas sobre a própria melancolia, foram publicados em revistas e jornais de grande circulação. Assim, a melancolia, que a partir da segunda metade do século passado foi praticamente substituída nos vocabulários médico e popular pelo termo nada adequado depressão, faz sua reestreia em nosso repertório.PDF texto completo

Entre a ciência e a feitiçariaLuiz Carlos Marques

O que seria o charlatanismo? E a feitiçaria? O que é doença? Questões como essas se tornam cada vez mais presentes numa época em que certas formas das chamadas “medicinas alternativas” chegam a receber status de prática oficial na saúde pública. O título curioso do livro atrai a atenção para um texto em que se compara a visão fragmentada da psiquiatria atual com a produção gráfica de esquizofrênicos, como Bispo do Rosário, ou o pregador americano Howard Finster. Sua ideia central é a de que a nossa incapacidade de pensar o todo em diversos níveis de causalidade nos impede de escapar das eternas dicotomias e dos apelos maniqueístas.PDF texto completo

MOVIMENTOS LITERÁRIOSARTIGOA insistência em existirFabiano Massarro Salvador

Uma narrativa sobre o poeta lisboeta Fernando Pessoa, poderia ter início da seguinte forma. “Ele nasceu, trabalhou, morreu.” Sem sombra de dúvida tais questões ontológicas repousam e desdobram-se numa miríade infindável de aspectos. Estes são penetrados por mais força quando falamos de uma personalidade ou uma personagem como Pessoa. Curiosa, entretanto, é a evocação da figura de Fernando Pessoa: ela se apresenta de forma não tão poética, uma imagem sem corpo, vaga, fragmentada, lembrando acessórios, como os inesquecíveis óculos, chapéu e bigode. Uma caricatura infantil remetendo não só ao homem como à sua vasta obra.PDF artigo completoLEIA TAMBÉMINSTRUÇÕES PARA AUTORES

CAPA / COVERCapa: Teresa BerlinckImagem da Capa: Nara Amelia. A jóia falsa do meu câmbio, 2011. Água forte e aquarela. 22cm x 30cm.