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Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, volume 17, número 3, setembro de 2014

SUMÁRIO / CONTENTS

EDITORIAL

As bases do amor materno, fundamento da melancolia

Manoel Tosta Berlinck

No dia 11 de janeiro de 1911, Margarete Hilferding proferiu uma conferência sobre “As bases do amor materno”, na Sociedade Psicanalítica de Viena para um público composto de vinte homens, incluindo Sigmund Freud. Hilferding foi a primeira mulher aceita e reconhecida como psicanalista e a surpreendente reflexão que apresentou naquela reunião produziu intensas reações em seus ouvintes. A principal proposição, inovadora e ainda hoje controversa, apresentada por Margarete Hilferding (Hilferding, Pinheiro & Vianna, 1991) é a de que o bebê representa para a mãe um objeto sexual natural.

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CONFERÊNCIAO outro do texto: o pathos na criação literáriaRonaldo Monte de Almeida Freud sempre supôs que os textos dos escritores criativos revelariam a presença dos desejos inconscientes do seu autor. A leitura de alguns desses autores nos faz também suspeitar da presença de uma força estranha que impele à escritura. O testemunho desses autores leva à hipótese de que a produção poética está diretamente ligada a certos motivos inconscientes, sendo o texto o resultado de uma exigência interna que força o caminho do trabalho simbólico, mesmo que este trabalho algumas vezes permaneça alienado da consciência do seu executor. 

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ARTIGOSO sujeito psicótico e a função do delírioRaquel Briggs e Doris Rinaldi Este trabalho aborda o conceito de delírio e sua função na estrutura psicótica. A psicanálise considera o delírio, por um lado, fenômeno elementar e, por outro, tentativa de cura, portador de uma verdade. O presente trabalho objetiva abordar a estruturação delirante, assim como a função da mesma para o sujeito paranoico, no sentido de situar a direção de tratamento na clínica da paranoia. A partir de um caso clínico e embasando-se nos conceitos da psicanálise, discute-se a função do mesmo para o sujeito. Leva-se em conta a invenção do sujeito para além do delírio, a partir de uma estabilização que, entretanto, não acontece sem ele.

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A origem da palavra narcisismo

Luiz Moreno Guimarães e Paulo Cesar Endo

Pretende-se examinar a origem de uma palavra — narcisismo — levando em consideração as primeiras descrições clínicas e teorias associadas a ela. Trata-se, por meio de uma visão diacrônica, de acompanhar — e de interpretar — a montagem de um quadro clínico psiquiátrico do final do século XIX que se edificou ao redor dessa palavra. Para isso, os autores operam um retorno aos textos dos primeiros teóricos do narcisismo — Alfred Binet, Havelock Ellis, Paul Näcke e Richard von Krafft-Ebing —, evidenciando como cada um concebeu essa noção. Isso permite uma revisão do que consta no verbete narcisismo, encontrado principalmente nos dicionários de psicanálise, sobre a origem desse conceito.

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Dor na psicanálise – física ou psíquica?

Natália Amendola Santos e Ana Maria Rudge

A dor tem se apresentado contemporaneamente como um tema importante para a psicanálise. Um dos móveis desse interesse é a fibromialgia, descrita por profissionais da medicina como uma síndrome caracterizada pela dor crônica na ausência de lesões ou sinais de anormalidade na maquinaria biológica. Levanta-se o impasse — como pensar psicanaliticamente uma dor que é física? Algumas leituras são propostas, tais como associações da dor com o estado melancólico, com inibições psíquicas e com a hipocondria. A dor é tomada como expressão de uma vivência traumática e não simbolizada.

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Melancolia como presença real do objeto – uma abordagem lacaniana

Fernando Tenório e Fernanda Costa-Moura

O estudo aborda a melancolia desde a psiquiatria até a psicanálise, chegando à formulação de Lacan de que, nesta afecção, trata-se da presença real — e não metafórica ou por identificação — do objeto no campo do sujeito. Percorre-se brevemente a definição desta entidade nosográfica desde Esquirol até Kraepelin, com destaque para o delírio hipocondríaco de negação descrito por Cotard. Retoma-se a tese de Freud de uma identificação do eu com objeto, para chegar a Lacan, que distingue o objeto idealizado da relação de amor e o objeto causa de desejo, que deve permanecer velado. Na melancolia, trata-se da relação direta do sujeito com este objeto. A vinda ao primeiro plano do objeto a dá a fórmula geral do estatuto do sujeito na psicose, na qual é o objeto que está no comando.

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Um caso de anorexia nervosa: a condução do tratamento

Alexandre Costa Val, Cristiane de Freitas Cunha, Roberto Assis Ferreira e Maria Bernadete de Carvalho

Descreve-se, neste texto, como o trabalho com sujeitos anoréxicos e bulímicos é conduzido pela equipe interdisciplinar do Núcleo de Investigação em Anorexia e Bulimia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NIAB-HC/UFMG). Com base no referencial teórico e metodológico da psicanálise lacaniana, procede-se à construção do caso clínico, o que permite nortear a condução do tratamento em equipe. O trabalho de construção do caso clínico é apresentado a partir dos elementos singulares isolados ao longo do processo.

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SAÚDE MENTAL

ARTIGO

A educação física no âmbito do tratamento em saúde mental: um esforço coletivo e integrado

Lígia Gizely dos Santos Chaves Melo, Kleber Roberto da Silva Gonçalves de Oliveira e José vasconcelos-Raposo

Este artigo analisa a Educação Física no processo de tratamen- to de doenças mentais, identificando as contribuições dessa prática profissional às terapias em saúde mental. Discute-se nesse estudo o papel da Educação Física enquanto atividade terapeutica auxiliar na diminuição da sintomatologia dessas doenças em função da aplicação de atividades físicas identificada em diversos estudos. Concluiu-se que a integração da Educação Física como ciência auxiliar à Psiquiatria tem se constituído um esforço interdisciplinar nos tratamentos de pacientes em sofrimento mental.

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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

ARTIGOCriação e extinção do primeiro Manicômio Judiciário do BrasilAna Luiza Gonçalves dos Santos e Francisco Ramos de Farias O presente artigo objetiva discutir a criação e a extinção do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, articulando-as aos efeitos da Lei Paulo Delgado e da Luta Anti- manicomial. Investiga-se a temática da reestruturação dos HCTP do Estado do Rio de Janeiro, focando o Heitor Carrilho, voltando-se para o histórico dos Manicômios Judiciários, os contextos sociopolíticos e as ideias que embasam a sustentação estrutural e funcional dessas Instituições Totais. 

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OBSERVANDO A PSIQUIATRIAARTIGOModelos animais em psiquiatria: avanços e desafiosEmerson Arcoverde Nunes e Jaime Eduardo Cecílio Hallak Objetivos: Discutir os avanços e limitações do uso dos modelos animais nos transtornos psiquiátricos. Método: Uma revisão narrativa de artigos. Resultados: Diferentes modelos animais atualmente demons- tram validade adequada para características específicas de determinados transtornos mentais. Conclusão: Resguardadas as devidas limitações que impossibilitam mimetizar sintomas psicopatológicos complexos em modelos animais, estes seguem como úteis ferramentas de estudo na psiquiatria.

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PRIMEIROS PASSOSARTIGODrogadicção e adolescência: o “corpo do transbordamento” Diana Borschiver Adesse, Vera Lucia Alves dos Santos e Marta Rezende Cardoso Voltando nosso olhar para a adolescência atual, observamos signi- ficativa presença do fenômeno da drogadicção. Nesta situação clínica, as modalidades prioritárias de defesa são agenciadas por uma convo- cação do corpo e do ato, implicando a expulsão violenta de uma excitação interna desorganizadora, traumática. Investigar as determinações desse fenômeno — e cuja emergência tantas vezes se dá na travessia da infância à vida adulta — constitui o principal objetivo do presente artigo. 

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RESENHAS DE LIVROSFreud: a cien años de Tótem y tabú Adolfo Castañón No es un libro accidental. Su cosecha e ingeniería se debe a una trinidad compuesta por Néstor Braunstein, Betty B. Fuks, Carina Basualdo, quienes convocaron a once autores de tres lenguas que se han reunido para marcar con sus contribuciones la vigencia polimorfa de la obra escrita por Sigmund Freud hace cien años, Tótem y tabú, donde psicología, etnología y antropología colindan. El libro se publica simultáneamente en tres lenguas: español, francés y portugués. 

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As três viagens de Abrão SlavutzkyRenato Mezan “Em tempos nos quais não nascem sábios, aproveitemos os humoristas como os sábios do século XXI. Essa é a proposta deste livro, quem sabe seu objetivo secreto.” Assim termina a obra à qual Abrão Slavutzky se dedicou nestes últimos anos: uma investigação sobre o humor, suas condições, seu papel na vida humana, sua história. Mas, como logo descobrirá o leitor que se dispuser a acompanhá-lo, o escopo do trabalho é bem mais amplo: há quarenta anos Abrão exerce a psicanálise — e tem com ela contas a acertar. 

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CAPA / COVER Capa: Teresa BerlinckImagem da Capa: Fernando Limberger; Desenho preparatório para projeto Imantação, Amarelo – 2009; Grafite e aquarela sobre papel; 22,4 x 32,6 cm.